Como a arte auxilia o desenvolvimento de crianças neuroatípicas longe das telas
O tempo que crianças e adolescentes passam diante dos dispositivos eletrônicos vem aumentando consideravelmente conforme a tecnologia avança. O que antes se restringia a momentos pontuais, tornou-se uma atividade cotidiana e cada vez mais acessível, mas que pode trazer prejuízos significativos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), crianças de até 5 anos não devem passar mais de 60 minutos por dia em frente a telas, um limite frequentemente ultrapassado. Esse excesso de exposição pode provocar irritabilidade, distúrbios do sono, atrasos de fala e dificuldades de socialização.
Entre crianças neuroatípicas, o problema se agrava. Quando o tempo de tela substitui interações sociais e atividades terapêuticas, as barreiras de comunicação e socialização se intensificam, dificultando o processo de desenvolvimento.
Nesse contexto, a arte se destaca como uma ferramenta poderosa de incentivo à expressão. Tatianna Wanderley, pesquisadora, fonoaudióloga e diretora clínica da Fono com Amor, explica: “A arte é uma linguagem universal. Quando uma criança neuroatípica desenha, pinta, canta ou dança, ela não está apenas criando algo estético, está organizando o próprio mundo interno e encontrando uma forma única de se comunicar”.
A arte como ponte para o desenvolvimento
A arteterapia surge como uma aliada comprovada no tratamento de crianças neuroatípicas, auxiliando no gerenciamento de comportamentos, redução de estresse, desenvolvimento motor fino e ampliação das formas de linguagem e comunicação.
“Quando a criança expressa sentimentos e ideias por meio da arte, ela amplia o vocabulário emocional e melhora a interação com o outro. Muitas vezes, é nesse espaço que conseguimos observar avanços significativos na atenção, no foco e na autorregulação”, complementa Tatianna.
Não existem limites para onde a arte pode levar, e um exemplo vem da Paraíba: Mateus Rosa, de 9 anos, autista, foi convidado a expor suas pinturas no Museu do Louvre, em Paris. Sua história inspiradora reforça o poder transformador da arte, capaz de revelar talentos e mudar a percepção social sobre a neurodiversidade.
Em João Pessoa, a Fono com Amor traz em outubro, na unidade Passarinhos, uma exposição especial como parte da Semana das Crianças. As obras são de autoria de Davi Medeiros, de 9 anos, que encontrou nos desenhos uma forma de expressar sentimentos e organizar emoções.
“A arte tem uma importância muito grande no desenvolvimento dele porque vai além da estética. É uma forma de expressão e comunicação. Quando ele está desenhando, está traduzindo o mundo interno dele”, explica a mãe, Cláudia Regina Medeiros.
Para Tatianna, a arte ultrapassa o espaço terapêutico: é também expressão, potência e identidade. “Cada traço revela o olhar singular de quem vê o mundo de outro jeito, e isso merece ser celebrado”, afirma.
Acompanhamento humanizado e atenção à individualidade
Na Rede Fono com Amor, estimulamos o desenvolvimento dos nossos pacientes respeitando a singularidade e as preferências de cada um. Contamos com uma equipe multidisciplinar que trabalha em conjunto, desenvolvendo as diversas áreas do neurodesenvolvimento, sempre com um olhar humanizado e caminhando lado a lado com as famílias na jornada do crescimento.