Estar presente nas aulas nem sempre significa estar incluído. Capacitar profissionais para atender às demandas de crianças neuroatípicas é fundamental.

Apesar de ser um direito garantido por lei no Brasil, a educação ainda é uma realidade distante para a população com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso porque a inclusão esbarra em uma série de obstáculos, como a falta de recursos adequados, pouca infraestrutura e também a escassez de profissionais preparados para lidar com as necessidades específicas de cada caso.

Além disso, muitas instituições ainda resistem em adaptar a rotina escolar para acolher estudantes autistas, como aponta Tatianna Wanderley, nossa fundadora, pesquisadora e fonoaudióloga com mais de 20 anos de experiência no atendimento a crianças e adolescentes com TEA. Ela explica que as dificuldades surgem logo no momento da matrícula e persistem no dia a dia escolar.

“Em instituições privadas, ainda é comum haver apenas um cuidador para toda a turma, o que inviabiliza o suporte individualizado necessário para crianças com TEA. Já nas escolas públicas, cada aluno tem, por direito, o acompanhamento de um profissional especializado, o que acaba sendo, para muitos pais, a única alternativa viável”, diz.

O ambiente escolar é um dos nossos primeiros espaços de socialização. Por isso, quando a inclusão não é feita adequadamente, os impactos não são só pedagógicos, eles reverberam no desenvolvimento psicológico e emocional da criança neuroatípica e podem interferir na evolução dos tratamentos.

A importância da capacitação profissional

Segundo Tatianna, faltam profissionais devidamente capacitados para lidar com o espectro autista e seus múltiplos desafios. “Não há um trabalho para incluir, de fato. As escolas recebem as crianças, mas com professores despreparados. Os alunos com TEA não conseguem assimilar o aprendizado porque não possuem uma adaptação curricular. Outro agravante é que não há proatividade por parte das escolas na busca por capacitação para as equipes, para que as crianças tenham acesso à educação de maneira respeitosa e igualitária”, afirma a fonoaudióloga. 

Está em andamento na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1049/24, que quer definir melhor quem pode atuar como acompanhante de alunos com autismo em classes comuns no ensino regular. A ideia é que esse profissional tenha formação em pedagogia ou na área da saúde. A proposta também vale para pessoas com outras deficiências.

A expectativa é que iniciativas como essa contribuam para mudar, de modo sistemático, a realidade enfrentada por milhões de crianças e famílias em todo o país.

Compromisso com o neurodesenvolvimento

Na Rede Fono com Amor, acreditamos que toda criança deve ter garantido o direito de viver todo o seu potencial de forma plena. Por isso, oferecemos apoio terapêutico especializado para pacientes com atraso no neurodesenvolvimento, realizando um trabalho pautado na humanização das atividades terapêuticas, envolvimento ativo das famílias e promoção da autonomia dos pacientes.